Por: Raimundo Candido da Silva Jr
Falar sobre tarifa de energia elétrica no Brasil é comentar sobre custo – malefício, sim, porque o custo consome com o benefício.
Trocadilhos à parte, a coisa não é de brincadeira e água acaba…
Que temos riquezas naturais enormes, é fato, que o tamanho do País é continental, é outro fato, o que não nos dá o direito de usar até acabar.
Riquezas enormes, não infinitas, tamanho continental, problemas proporcionais ao tamanho…
Existem dois motivos para não descuidar em preservação: quando se tem pouco, porque acaba rápido e quando se tem muito, para que nunca acabe.
Se voltarmos meio século para trás veremos que a exploração predatória era mentalmente bem pior, só não era mais acelerada em função da falta de tecnologia de máquinas que hoje tem.
Se há meio século atrás e quanto mais retroagirmos no tempo, pior, tivéssemos as máquinas que temos hoje com a mentalidade que havia naquela época, arrisco dizer com pouco temor de estar errando, que talvez não haveria mais água no mundo.
O resultado está aí, tal qual um coração que está falhando, tal qual a pressão arterial de alguém que está morrendo, temos visto rios, riachos, açudes que jamais baixaram o nível da água, secando…
Em outra vertente,um comportamento secular de falta de planejamento em produção de energia, que torna vulnerável uma potência hídrica, água mole em pedra dura…
Se analisarmos até aqui nas linhas acima, veremos um consumo predatório de um lado e uma falta de planejamento público do outro em uma espécie de “parceria” para ver o quanto o meio ambiente aguenta…
Se a coisa apertar, pequenos rios secarem, grandes rios fraquejarem em um ano e não se restaurarem no outro é só subir a tarifa de energia elétrica que o consumo cai e tudo está resolvido. Essa “estratégia” lembra muito o salmo 7 da bíblia que cita a seguinte frase:” cavou um buraco e o fez fundo e caiu na cova que fez…”
Essa tentativa pedagógica lança a perdição de um ano para o outro e apena o resultado negativo (déficit) ao invés de conscientizar e estimular o resultado positivo (superavit).
O planejamento e a implantação de fontes de energia limpa, de custo reduzido, de formas múltiplas em conjunto com um comportamento preservacionista traria uma situação bem diferente do que estamos vendo.
Imaginem países pequenos, de poucos recursos hídricos, mas altamente evoluídos, que preservaram o pouco que tinham e investiram para que não acabasse, se explorassem predatoriamente, não tivessem planejamento público e somente diante de uma ameaça de escassez resolvessem sobretaxar a tarifa como forma de frear o consumo?
Um organismo não se refaz no prazo que desejamos, é mais um fator racional no uso e estratégico na gestão pública, que ambiental, puro e simples,visto que sequer é possível alegar a teoria da imprevisão, caso fortuito ou força maior, já que vem secularmente sendo consumido e não apenas usado, portanto, previsível o resultado.
O meio ambiente é uma engrenagem de uma fábrica que uma vez quebrado um dente, continua rodando e rodando sem um dente, tornase um sistema auto destrutivo.
Sendo os recursos hídricos algo de interesse geral, vital e estratégico, a preservação privada de um lado e o investimento público de outro redundam na condição essencial para a contenção de uma crise hídrica que está muito além do que os olhos vê.
Uma andorinha só não faz verão!
(*) Raimundo Candido da Silva Jr é Advogado, Jurista, Administrador, Escritor, Conferencista e Palestrante,membro do IAB(Instituto dos Advogados Brasileiros),IBCCRIM(Instituto Brasileiro de Ciências Criminais),ABDPC(Academia Brasileira de Direito Processual Civil),IBDFAM(Instituto Brasileiro de Direito de Família),IBRADMP(Instituto Brasileiro de Direito Empresarial).
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