Em parceria com as comunidades tradicionais, projetos desenvolvidos pelo Governo do Tocantins contribuem para preservação do Jalapão
Extrativismo e artesanato são aspectos fundamentais que movimentam a economia das comunidades do Jalapão
Conhecido por suas paisagens exuberantes que atraem turistas ao local durante o ano inteiro, o Parque Estadual do Jalapão (PEJ) completou 21 anos de sua criação nesta semana. Além do turismo, outro aspecto que movimenta a economia da região é do extrativismo e da produção de artesanatos, apoiados pelo Governo do Tocantins, por meio do Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins), gestor do Parque.
A maior riqueza do Jalapão é o seu povo, os moradores que gostam de ser chamados de jalapoeiros. São pessoas simples, que adoram contar histórias aos visitantes, enquanto vendem seus produtos manufaturados, sendo que, com apoio do Naturatins e outras entidades, eles aprenderam como extrair da natureza o seu sustento e, ao mesmo tempo, preservar a biodiversidade local.
São diversos projetos desenvolvidos pelo Naturatins, em parceria com as comunidades das áreas protegidas, que têm obtido resultados positivos na região, uma vez que possibilita a realização das atividades econômicas com baixo impacto ambiental, conciliando a natureza com a presença humana. Esses projetos fomentam a renda da população e agregam valor aos seus produtos, que são comercializados após passarem por processamento artesanal, como doces, óleos e farinhas, capim-dourado, etc.
Além do processamento dos produtos extraídos da natureza pelos comunitários, eles também passam por treinamentos constantes, quando aprendem técnicas para garantir mais qualidade aos produtos, como apresentação das embalagens e cálculo para determinar o preço dos produtos, que são comercializados.
A supervisora da Área de Proteção Ambiental (APA) do Jalapão, que abrange também o PEJ, Rejane Ferreira Nunes, conta que esses projetos foram fundamentais para o desenvolvimento econômico dessas comunidade, sem impactar o ambiente. Segundo a supervisora, “hoje, os comunitários têm geração de renda, segurança alimentar e gestão comunitária, tudo isso em consonância com práticas sustentáveis”.
O extrativista comunitário, José Mininim, reconhece a importância do Naturatins para que hoje possa dizer que vive do Cerrado e de tudo que ele oferece. “Foi o Naturatins, por meio da equipe do Parque Estadual do Jalapão, que nos mostrou sobre as possibilidades de renda que o Cerrado oferece, sem que a gente precise derrubar uma árvore. O Naturatins nos deu apoio, nos ensinou como viver do Cerrado, que é de onde tiro meu salário e o sustento de minha família”. O extrativista diz ainda que, além do jatobá, também colhe buriti (para fazer doces e óleos), castanha de baru e mangaba. “Estamos sempre aprendendo sobre o Cerrado, como defender suas riquezas contra o fogo e como proteger suas águas”, conclui Mininim.
Capim-dourado
O Capim-dourado (Syngonanthus nitens) é considerado a marca registrada do Jalapão, por ser a principal matéria-prima para a confecção de bolsas, bijuterias e objetos de decoração feitos por artesãos, especialmente quilombolas que residem na APA do Jalapão. A habilidade dos artesãos do povoado Mumbuca na produção de peças de capim-dourado fez o produto ganhar fama e encantar pessoas em todo o Brasil e também no exterior.
Todos os anos, de setembro a novembro, é realizada a colheita das hastes de capim-dourado por cerca de 1,5 mil artesãos e extrativistas autorizados pelo Naturatins. De acordo com a supervisora da APA, Rejane Nunes, durante a colheita, “a equipe do instituto percorre os campos, monitorando e fiscalizando com o intuito de garantir que não haja invasores (pessoas não autorizadas) colhendo as hastes, especialmente quando ainda não estão completamente maduras, antes da abertura da colheita oficial”.
A supervisora esclarece que esse trabalho é necessário para garantir que a coleta do capim-dourado seja feita pelas comunidades tradicionais, organizadas em associações e autorizadas pelo órgão ambiental. De acordo com Rejane, são 15 dias de fiscalização intensa nos campos de capim-dourado, inclusive com remanejamento de agentes de fiscalização de Palmas.
“Essa operação começa com o monitoramento dos campos no final de agosto ou início de setembro, quando algumas hastes já começam a ficar maduras e exibir seu brilho dourado e vai até o início da coleta, quando os próprios extrativistas autorizados já estarão no local e denunciam eles próprios a presença de estranhos”, informa a supervisora.
Os artesanatos, tanto de capim-dourado quanto de outros produtos da região do Jalapão, são comercializados nos Centros de Atendimento ao Turista (CATs) e nas casas dos próprios produtores. Na capital, Palmas, os artesanatos do Jalapão também podem ser encontrados nas lojas dedicadas a artefatos tocantinenses.
Licores feitos com frutos da região produzidos pelas comunidades jalapoeiras – Naturatins/Governo do Tocantins
Produtos feitos nas comunidades quilombolas do Jalapão ganharam o gosto dos turistas do Brasil e do mundo – Naturatins/Governo do Tocantins
Comunitários durante colheita de jatobá, que é utilizado na fabricação de farinha e outros produtos – Naturatins/Governo do Tocantins
Fonte: Ana Elisa Martins/Naturatins – Edição: Thâmara Cruvinel
Revisão Textual: Marynne Juliate
Foto capa: Hastes de capim-dourado, uma das riquezas do Jalapão – Foto: Naturatins/Governo do Tocantins
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