Na próxima terça-feira, dia 29 de janeiro, às 19h30, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) lança, no Sindicato dos Bancários do Maranhão, em São Luís, duas importantes produções sobre o Cerrado brasileiro: a primeira edição da Revista Cerrados e o documentário Cerrado: Rostos, Vidas e Identidades. “Os Cerrados, no plural, é a maneira mais adequada para se referir a um dos ecossistemas mais ricos do mundo e fundamentais não somente para quem vive nesse território, mas também para as populações de outras regiões brasileiras e da América Latina”, explica, na apresentação da revista, a coordenação da Articulação das CPT’s do Cerrado, ( clique ) projeto da Pastoral da Terra que reúne os seus Regionais presentes neste bioma.
Participam do evento Diana Aguiar, doutoranda pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e assessora da Federação dos Órgãos para a Assistência Social e Educacional (FASE); Maurício Correia, membro da coordenação da Associação de Advogados/as de Trabalhadores/as Rurais no Estado da Bahia (AATR); Isolete Wichinieski, coordenadora nacional da CPT, e representantes de comunidades do Cerrado maranhense.
Pesquisadores e pesquisadoras do Cerrado, Altair Sales, Maurício Correia, Diana Aguiar, Samuel Britto, Marcela Vecchione, Fábio Pitta e Maria Luisa Mendonça evidenciam, nas análises da publicação, as ameaças de uma expansão desenfreada do capital nacional e internacional sobre os modos de vida dos povos e comunidades do Cerrado. Uma ofensiva que se dá em diversos níveis, tais como: a violência física, as ameaças de morte, a destruição de bens, a grilagem de terras e das águas, as contaminações do solo, das águas e das pessoas através dos agrotóxicos, o desmatamento, e a pressão por flexibilização de direitos territoriais e ambientais.
A Revista Cerrados analisa ainda a expansão do agro e hidronegócio na região denominada pelo governo federal de MATOPIBA (que engloba áreas de Cerrado dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) e a relação com outras Savanas na África e na América do Sul, como modelo de “desenvolvimento” a ser implementado em outras localidades. Todavia, em contraponto a esse cenário conflituoso, a publicação mostra a auto-organização e as resistências dos povos dos Cerrados na defesa de seus territórios, dos bens comuns e a construção contínua do Bem Viver.
O documentário Cerrado: Rostos, Vidas e Identidades, como o próprio nome sugere, retrata um pouco da diversidade dos Cerrados que está presente em cada rosto de seus povos e comunidades tradicionais: indígenas, quilombolas, quebradeiras de coco babaçu, camponeses, fundo e fecho de pasto, retireiros do Araguaia, vazanteiros e tantos outros. Esses são os guardiões e as guardiãs desse espaço de vida chamado Cerrado. Os saberes ancestrais dessas pessoas constituem a sociobiodiversidade do bioma, e o cuidado com essa Casa Comum e o manejo consciente garantem a resiliência dos Cerrados. Ao fim da produção, essas pessoas que vivenciam dia a dia o Cerrado brasileiro, manifestam suas expectativas e anseios em relação a esse espaço de vida.
“A Revista Cerrados e o documentário ‘Cerrado: Rostos, Vidas e Identidades’ são instrumentos que contribuem para a leitura da realidade do Cerrado hoje. Também para que a sociedade possa melhor conhecer esse importante bioma para o Brasil e para a América do Sul. Além de ser uma ferramenta de resistência para os povos e comunidades tradicionais que têm se empenhado na defesa do Cerrado”, avalia Wichinieski.
Maranhão
O Maranhão é um estado emblemático para a realização do lançamento dessas duas produções, pois é um lugar onde os dois maiores biomas do Brasil se encontram: o Cerrado e a Amazônia. E essa convergência entre os biomas resulta em uma riqueza cultural, de povos e comunidades, e de fauna e flora. Entretanto, essa unidade da federação é, também, palco de graves conflitos socioambientais, seja no campo ou nas cidades.
Em 2016, em análise para a CPT intitulada “Os Cerrados e os Fronts do Agronegócio no Brasil”, ( clique ) o Coletivo LEMTO (Laboratório de Estudos de Movimentos Sociais e Territorialidades) da Universidade Federal Fluminense (UFF) apontou que, quando considerados os biomas, o Cerrado, que detém cerca de 14,9% da população rural do país, tem a segunda maior densidade de conflitos por terra no campo brasileiro. Entre 2000 e 2016, cerca de 24,1% das localidades em que ocorreram conflitos por terra no Brasil estavam nos Cerrados.
“Ainda que esses números sejam inferiores ao número de localidades em conflitos na Mata Atlântica e na Amazônia, 25,5% e 38,9%, respectivamente, consideremos que a Mata Atlântica detém uma área de 13% da área total do país e a Amazônia corresponda a uma área de 49,9% da área total do país. Ou seja, os Cerrados tiveram 24,1% dos conflitos sobre uma área total de 25,7%, enquanto a Mata Atlântica teve cerca de 25,5% de localidades em conflito sobre uma área de 13% e a Amazônia, 38,9% das localidades em conflito numa área de 49,29%”, destaca o laboratório de estudos.
Serviço: Lançamento da Revista Cerrados e documentário “Cerrado: Rostos, Vidas e Identidades”
Quando: 29 de janeiro (terça-feira) a partir das 19h30
Onde: Sindicato dos Bancários do Maranhão (SEEB/MA) – Rua do Sol, 413/417, Centro – São Luís (MA)
Mais informações: Elvis Marques (assessoria de comunicação da CPT Nacional) – (62) 99309-6781
Saulo Costa (agente da CPT Maranhão) – (98) 98170-7780
Acesse as produções: A Revista Cerrados pode ser adquirida no site da CPT ( clique ) e o documentário Cerrado: Rostos, Vidas e Identidades pode ser acessado no canal no youtube (Comissão Pastoral da Terra CPT Nacional) e na página no Facebook (@CPTNacional)
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