Coordenado pela DPE-TO, projeto oferece aulas de canto e expressão corporal para as mulheres detentas na Unidade Prisional Feminina de Palmas
“Enquanto espero, eu canto/ Se desespero, eu canto/ Enquanto vou, eu canto… Se não tem sentido o meu cantar/ Qual o sentido de não cantar? Se na manhã primeira eu não cantei/ Na derradeira eu cantarei…” A música Canto Livre, composta por Chico Buarque e interpretada por Nara Leão, foi a canção escolhida pelas mulheres reeducandas da Unidade Prisional Feminina (UPF) de Palmas para expressarem a felicidade em concluir mais um ciclo. O encerramento do primeiro semestre de atividades do Coral da unidade, que não por acaso leva o nome da canção escolhida – Canto Livre.
Um momento regado por muita emoção, o canto das reeducandas do Coral Canto Livre provocou lágrimas, sorrisos e muitos aplausos nos presentes não só pela beleza das vozes, interpretação com dança e poesia, produção de figurino e maquiagem, como principalmente pela garra e força de vontade de lutar por um futuro melhor, expressado nas músicas, poesias e discursos apresentados. “Estamos privados de liberdade, mas é na música que a gente se sente livre, longe de qualquer grade, de qualquer prisão. Quando a gente canta, nos sentimos do lado de fora, viajando pelo mundo, o que resgata na gente a esperança por dias melhores”, disse Samaria Oliveira.
O momento para Samaria, assim como para as demais reeducandas do Coral, foi ainda mais emocionante. Isso porque alguns familiares aproveitaram a oportunidade para visitá-las, de surpresa. “Acho que hoje eu nem consigo cantar, é muita emoção, sinto meu coração saltando de alegria”, disse Samaria, ao reencontrar o irmão, a quem não via a mais de dois anos. Da mesma forma, diversos reencontros foram possíveis com mãe e filha, marido e mulher, irmãos e amigos.
Para a reeducanda Mara Rúbia, uma das coralistas do Canto Livre, o projeto é uma forma de se libertar dos sentimentos ruins gerados em uma prisão. “Com o cárcere a gente paga pelo que a gente deve com a falta de liberdade, mas com a música a gente rompe não celas e grades, mas qualquer sentimento de tristeza, de falta de esperança. Estamos plantando fé e vamos colher mudança, ressocialização”, concluiu a reeducanda.
A programação marcou a primeira apresentação do Coral e contou ainda com a entrega de kits de higiene e fotos. Na solenidade estavam presentes autoridades e agentes prisionais da unidade. Para celebrar o momento de integração e unidade, uma das agentes prisionais responsáveis pelo plantão interpretou a canção “Romaria”, de João Mineiro e Marciano.
Coral Canto Livre
A iniciativa do Coral Canto Livre é da Defensoria Pública do Estado do Tocantins (DPE-TO), por meio do Núcleo Especializado de Assistência e Defesa do Preso (Nadep), em parceria com a Secretaria Estadual de Cidadania e Justiça (Seciju). Os encontros acontecem uma vez por semana, com aulas de música e expressão corporal, oferecidas voluntariamente por servidores da DPE-TO – o maestro Cleyton Silva e a bailarina Catarina Lopes. As aulas serão retomadas a partir de agosto e acontecem na UPF.
Ressocialização
De acordo com a defensora pública Napociani Póvoa, coordenadora do Nadep, o objetivo é de trabalhar a elevação da autoestima, o empoderamento feminino e a reinserção social através da música. “O Coral é fruto do esforço de muitas pessoas que encamparam a ideia e prestaram todo o apoio que precisamos nesta condução com amor em prol da reinserção social”, declarou Napociani.
O defensor público-geral do Tocantins, Fábio Monteiro, parabenizou as reeducandas pela apresentação e descreveu o momento como de alegria e muita satisfação. “Que vocês continuem de cabeça erguida para que o direito de vocês seja exercido e se transforme em esperança de um futuro melhor”, disse.
A defensora pública Franciana di Fátima, coordenadora do Núcleo Especializado de Proteção e Defesa dos Direitos da Mulher (Nudem), afirmou que se emocionou muito com a apresentação do Canto Livre. “Como foi lindo vê-las cantando. Pudemos vê-las livres, mesmo que durante a música. Tudo é possível quando se há esperança e que vocês possam continuar cantando e nos cativando com este lindo trabalho”, relatou.
Para o subsecretário da Seciju, Geraldo Divino Cabral, projetos como o Canto Livre são necessários para oportunizar a socialização e aquisição de conhecimento para as mulheres privadas de liberdade.
A programação se encerrou com a reeducandas interpretando a música gospel “Preciosidade”.
(Cinthia Abreu/Fotos Loise Maria/Ascom DPE-TO)
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